segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Jovem constrói andador após acidente e tenta voltar a andar

Um morador de Guaraí, cidade da região centro-norte do Tocantins, desafiou a previsão de um médico e já começa a dar os primeiros passos após sofrer um acidente de trânsito e fraturar a coluna. Em 2010, Cleiton Rodrigues de Abreu, de 27 anos, voltava do trabalho quando a motocicleta na qual ele estava se chocou com um carro. Com o impacto da batida, o jovem fraturou duas vértebras da coluna (T6 e T7) e teve uma lesão medular.Abreu precisou esperar mais de um mês para realizar a primeira cirugia e chegou a ouvir de um dos médicos que não voltaria a andar, mesmo após a operação. Mas depois de dois anos de "tratamento", com um andador improvisado em casa, ele já consegue movimentar as pernas, utilizado o suporte como apoio. (Veja o vídeo)
De acordo com Abreu, após o acidente, ele foi socorrido por moradores da cidade e levado imediatamente para o Hospital Regional de Guaraí. Logo em seguida ele foi transferido para o Hospital Regional de Araguaína, na região norte do estado. Ele conta que esperou 35 dias até conseguir realizar a primeira cirurgia."Eles me preparavam para a operação e quando eu chegava no centro cirúrgico, me mandavam de volta para o quarto. Diziam que não tinha medicamento para fazer o procedimento ou que tinha algum paciente com mais urgência."

Enquanto esperava pelo procedimento, o jovem chegou a ouvir um médico comentar que ele não voltaria a andar. "Ele nunca me disse isso diretamente, mas eu ouvi quando ele falou para um enfermeiro. Em seguida o enfermeiro me perguntou se eu conseguia movimentar os dedos dos pés e se sentia as pernas. Depois não tocou mais no assunto", lembra.Após a cirurgia, Abreu voltou para Guaraí e chegou a iniciar um acompanhamento com fisioterapeuta, mas por causa da ausência de um carro para leva-lo de casa para a fisioterapia, ele interrompeu o tratamento. Um ano após o acidente, Abreu se mudou para Goiânia, onde tem família, em busca de um tratamento melhor.

"Consegui ficar 60 dias internado no Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo, onde foi realizada mais uma cirurgia para reajuste do procedimento feito em Araguaína. Lá também fiz fisioterapia por um tempo, recebia aplicações de botox e outros medicamentos que não encontro no Tocantins. Mas tive que voltar por falta de dinheiro. Nesse lugar me disseram para não me dar por vencido, porque meu quadro não era de alguém que seria cadeirante para sempre."
De volta a Guaraí, o jovem decidiu continuar o tratamento em casa e improvisou um andador. "Eu tive a ideia de fazer o mesmo aparelho que via nas clínicas de reabilitação. Pedi ajuda para um amigo e juntos construímos um andador. O primeiro suporte foi feito de forma mais precaría, com troncos de árvores amarrados. Depois nós melhoramos e fizemos outro com madeira. "Esse é melhor porque sinto mais firmeza quando me apoio
Superação
Abreu conta que mesmo com o acidente e todas as dificuldades que enfrentou, nunca se sentiu deprimido e nem acreditou que fosse ficar em uma cadeira de rodas para sempre. "Minha lesão foi muito grave, mas desde o acidente nunca desisti de lutar, nunca desisti de mim. Decidi fazer os vídeos porque convivo com outros cadeirantes e gostaria de motiva-los. Mesmo sem condição para o tratamento, eu sempre busquei  fazer as fisioterapias sozinho, em casa e hoje eu estou vendo alguns resultados. Creio que vou conseguir." Abreu usa o andador há cerca de dois anos e não sabe dizer quando exatamente começou a andar. "Eu uso o andador todos os dias, por cerca de uma hora. Como é um processo lento e gradual, não sei dizer exatamente quando consegui realizar o primeiro movimento. Mas lembro que comecei mexendo os dedos e depois fui conseguindo ficar de pé." Apesar do otimismo, Abreu considera a possibilidade de não recuperar completamente os movimentos. "Eu tenho uma vida normal. Não sinto dor e não tive comprometimento de outros órgãos. Eu nunca desisti de me cuidar, mas sei que as duas possibilidades existem. Posso voltar a andar ou posso ter apenas alguns movimentos. Mas estou tranquilo quanto a isso."


Apoio
Abreu conta que trabalhava como auxiliar de serviços gerais, mas depois do acidente se aposentou e não exerce mais nenhuma atividade remunerada. O jovem diz que para se distrair aprendeu a tocar guitarra. Ele mora em uma casa construída no fundo do mesmo lote onde vivem os pais. Ele tem um filho, Gabriel Lopes de Abreu, de 6 anos, que o ajuda com as atividades corriqueiras. "Ele me ajuda com tudo, lava a louça, me coloca sentado na cadeira, me alcança coisas quando preciso."

Diagnóstico
De acordo com o ortopedista José Ronaldo de Assis, Abreu provavelmente deve ter sofrido uma lesão medular incompleta, caso contrário não seria possível ter recuperado os movimentos. Segundo o ortopedista, só após um ano e meio ou dois anos, passados do acidente, teria sido possível definir se o paciente ficaria defiinitivamente sem andar ou não. Conforme o fisioterapeuta João Henrique Filho, que atualmente acompanha Abreu, o que chama atenção no caso do ex-auxiliar de serviços gerais, é a força de vontade dele. "Pela minha experiência, posso dizer que muitas pessoas nas mesmas condições de Cleiton ficariam numa cadeira de rodas. Não só pela gravidade da lesão, mas por todos os outros fatores que envolvem a situação. Existem barreiras financeiras e até motivacionais. Há pessoas que ficam deprimidas e desistem do tratamento. Ele continuou por conta própria." O fisioterapeuta passou a acompanhar o jovem, após descobrir a história dele. Na semana passada, ele realizou a primeira consulta e deve iniciar um tratamento semanal na Clínica da Fisioterapia da Faculdade de Guaraí (FAG)

Fonte:G1

Por Blog do Venas .

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